05 agosto, 2008

Divagando...

- João, emprestas-me a tua borracha?
- Claro, toma.
- Mas isto não sai.
- Pois não, fizeste muita força no lápis e o papel ficou com as marcas.
- E agora?
- Agora, rasgas essa página e passas para a seguinte.
- Não… gosto muito desta página.
- Também podes escrever por cima.
- mmm… olha, já não me apetece escrever mais. Vou fazer um desenho.
- E vais desenhar o quê?
- Uma árvore.
- Porque uma árvore?

- Para deitar-me na sua sombra.


(os dois meninos sorriam um para o outro)

O que há de belo e puro na Infância, é por vezes a vantagem de ainda morar-se na ignorância de muitas regras adquiridas na vida.
Desenhar uma árvore para deitar-se na sua sombra não representa loucura, mas sim a beleza natural de encontrar-se uma outra via para exprimir a vontade naquele instante, e de ultrapassar certos problemas de uma forma diferente.
Há muitos de nós que perdem quase por completo essa capacidade... mas julgo que a imaginação também ajuda a tornámo-nos mais humanos.
As crianças moram num mundo menos complexo que o nosso, e por isso, estão mais atentas a outras questões. Por vezes, lembram-nos que aquilo que é básico para nós e que já passa despercebido, é essêncial.

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