09 novembro, 2006

Rumo ao Huambo

2ª feira, 23 de Outubro de 2006

Acordo cedo, hoje é dia de viajar. Vou sair de Luanda, rumo ao Huambo, e é tempo de fazer um ponto de situação sobre estas 2 semanas na Capital. Foram 2 semanas do 1º contacto com Africa, no pior e no melhor, embora como já disse em post anterior, eu não vinha com uma ideia romantizada desta Africa, mas agora lembro-me do meu deslumbramento quando via filmes passados neste continente, ou quando via as fotos de Angola no álbum de família, e contavam-me do característico cheiro da terra.
09h30, estou no aeroporto para comprar o bilhete para me juntar aos “meninos à volta da fogueira” do Paulo de Carvalho. Check in e voo, suposta e respectivamente às 10h00 e 11h00, na realidade check in às 10h30, onde me pesaram a mala... e tooiiiim... 25kg, 5kg a mais do que o permitido nos voos domésticos, e ainda com uma mochila às costas e mala do pc na mão, perguntei à Senhora do check in, que estava com a cara trancada (como dizem aqui) se podia levá-las como bagagem de mão, dado que o avião é pequeno (senti que estava a esticar um pouco a corda), mas para meu alívio, a Senhora olhou para mim, franziu a testa, pensativa, e disse... Pode seguir. Pois... é óbvio que nem todos os que andam com falta de gás, tentam sacar “gasosas”. Depois, entro na zona de embarque, onde fico aproximadamente 3 horas e aproveito para desbastar um livro que me emprestaram... Predadores, do Pepetela (escritor Angolano) cuja leitura recomendo. Pelas 14h00 embarco num embraer EM120 Brasília, cuja capacidade... não me recordo bem, mas acho não leva mais de 40 passageiros, portanto, é praticamente um machibombo com asas. Foi divertido, até porque gosto de aviões, e sentei-me logo num local estratégico, da janela via a hélice, e portanto, caso esta parasse, eu era o primeiro a gritar, olhando em frente, tinha a 4 metros a cabine, onde estavam as mãos do comandante, a tocar naquele colorido piano de instrumentação. Mal levantamos voo apressei-me tirar umas fotos sobre a zona envolvente do aeroporto, ou seja, os famosos musseques.
Voltei a passar sobre o rio Kwanza, mas desta vez a 6mil metros e a 500km/h, rumo a Bengela, onde faríamos escala para o Huambo, foi +/- 1 hora de viagem com uns momentos de agitação (turbulência) que achei divertido, porque eram nessas alturas em que os passageiros mais faladores perdiam o pio.
Acreditem (para os que não sabem) que sentir turbulência num avião pequeno é vibrante... literalmente vibrante, e devo dizer que a aterragem em Bengela foi igualmente vibrante, porque ao passarmos numas “pequenas” depressões da pista, aquele machibombo com asas, mais parecia um carro de rally. Houve um momento em que o avião se torceu um pouco, e nessa altura pensei que o piloto ia “sacar um peão”, mas não, controlou muito bem a máquina, Temos piloto, disse para mim. Depois do sagrado silêncio na aterragem, e de o avião parar, saíram alguns passageiros e entraram outros tantos para fazer a viagem, Bengela-Huambo. 10min depois, descolamos de Bengela para uma viagem de meia hora, e lá em cima ao dar-se meia volta sobre a cidade e arredores, aproveitei para tirar umas fotos. Bengela fica no litoral, sobre uma plataforma plana e árida junto ao oceano, voando poucos kms no vale para o interior começo a ver a terra cultivada, (foto) e o que se vê no meio horizontal da foto não é rio, mas sim ribeira, e está com aquela cor porque são areias.

Antes de aterrar no Huambo tive oportunidade para tirar mais umas fotos onde se começa a ver a predominância do verde, e o vermelho das estradas em terra batida.

Finalmente, cheguei à terra dos meninos à volta da fogueira, e estou optimista.

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