O peso do vazio
Cemitério Municipal de Tomar
Quarta feira, 26 de Março de 2008
Eram família, amigos, conhecidos, ou simples admiradores. Alguns vieram de longe para a ver. Uns procuram-se nos olhares, em simples cumplicidades, outros apenas olham para o infinito procurando razões e lógicas, e outros escondem os olhos no chão cravando o olhar nesta terra de penosas despedidas.
Quantas lágrimas terão caído nesta terra? Nesta pequena porção de terra, nesta alameda que liga o portão da cidade dos vivos à Capela, ladeada por vistosas e exuberantes Jazigos, que são um género de necroMoradias em pedras ornamentais. Alguns chegam a ter mais pedra, e mais requintada mão de obra de cantaria do que a própria Capela do cemitério, que só ganha em altura, mas não por muitos metros.
Divagando, dou por mim a lembrar as origens das expressões “sete palmos de terra”, “bebedeiras de caixão à cova”. Inicia-se uma conversa nas vizinhanças e alguém diz: Quero doar os meus órgãos para investigação, eu comento: Eu quero ser cremado.
No final de contas tanto me faz, mas seria engraçado voltar a ser pó, pensei
“Pó ao pó”, porque no final de contas, este veículo que nos transporta de um lado para o outro, não passa de um conjunto arrumado de moléculas. Quero ser cremado, depois de cremado pesado e medido. Quero que se saiba qual o peso seco e o volume, subtraindo aos valores em vida determina-se o Peso do Vazio. Para os científicos, esse vazio no fundo corresponderá a +/- a 60% do peso do corpo, percentagem que vai decrescendo à medida que a idade avança.
No final de contas tanto me faz, mas seria engraçado voltar a ser pó, pensei
“Pó ao pó”, porque no final de contas, este veículo que nos transporta de um lado para o outro, não passa de um conjunto arrumado de moléculas. Quero ser cremado, depois de cremado pesado e medido. Quero que se saiba qual o peso seco e o volume, subtraindo aos valores em vida determina-se o Peso do Vazio. Para os científicos, esse vazio no fundo corresponderá a +/- a 60% do peso do corpo, percentagem que vai decrescendo à medida que a idade avança.
Mas para nós, naquela hora, naquele local, nada disto interessava.
Para nós, o peso do vazio, é a ausência que agora carregamos às costas, e a memória deve ser a nossa melhor bengala. É por isto tudo que se sofre. É por isto tudo, que as lágrimas caem.
Para nós, o peso do vazio, é a ausência que agora carregamos às costas, e a memória deve ser a nossa melhor bengala. É por isto tudo que se sofre. É por isto tudo, que as lágrimas caem.