05 julho, 2011

Urraca ou Iberusa



Quantas vidas se perderam encostadas a ti? Quantas vidas poupaste e quantas mais passarão por ti, contemplando as tuas formas? Quantas costas se vergaram para que existas? Quantas costas se ergueram aos saltos e pinotes por existires, desprezando todas as outras costas que se vergaram?



Agora aí repousas, inerte e de nada serves para além da tuas funções decorativas. És um monte de pedra aparelhada, e praticamente nínguem quer saber quem te mandou erigir, a que pretexto, e em que contexto.

Eu cá, gostava que contásses todos os teus segredos. De onde vieram as tuas pedras e como foram retiradas, depois transportadas, e aparelhadas. Quem estava por lá, que vidas ajudaste a terminar e preservar. Quantas vezes foste destruída e reconstruída, quantas vezes olharam para ti como eu agora, quantas vezes te perguntaram, Porque não me respondes tu?