Regresso
Estou só,
entre o fim e o inicio,
sinto agora as mãos na face
Frias e secas,
Que lentamente vão abrindo como portões antigos,
permitindo que a claridade entre e ocupe o seu lugar,
neste reino abandonado.
29 março, 2007
28 março, 2007
23 março, 2007
Maus inquilinos
15 março, 2007
Eleitores Fantasma
Em leitura de um jornal semanário, fiquei surpreendido com a noticia:
Há 800 mil portugueses a mais registados como eleitores.
“um em cada 11 eleitores não existe” segundo várias fontes oficiais e de um estudo de dois estudantes do mestrado de Politica comparada do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Consequências:
Bom... no caso da Madeira, registam-se que 20% dos inscritos não vivem no arquipélago ou talvez tenham morrido, ninguém sabe ao certo, este facto permitiu a essa região autónoma eleger 6 deputados em vez de 5.
Como já se sabe, os salários dos vereadores e presidentes de juntas de freguesias é depende do numero de eleitores, portanto esta situação é favorável a muitas autarquias que não actualizam os seus cadernos eleitorais.
Afinal a abstenção não é o monstro que políticos e analistas pintam, quando falarem de abstenção podemos sempre tirar cerca de 9% aos números apresentados, e então estaremos mais próximos da realidade.
E no caso do referendo do aborto, os 54% de abstenção, afinal na realidade correspondem a menos de 50%, o que tornaria a lei vinculativa e teria ficado aprovada directamente nas urnas, se o recenseamento estivesse corrigido.
Há 800 mil portugueses a mais registados como eleitores.
“um em cada 11 eleitores não existe” segundo várias fontes oficiais e de um estudo de dois estudantes do mestrado de Politica comparada do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Consequências:
Bom... no caso da Madeira, registam-se que 20% dos inscritos não vivem no arquipélago ou talvez tenham morrido, ninguém sabe ao certo, este facto permitiu a essa região autónoma eleger 6 deputados em vez de 5.
Como já se sabe, os salários dos vereadores e presidentes de juntas de freguesias é depende do numero de eleitores, portanto esta situação é favorável a muitas autarquias que não actualizam os seus cadernos eleitorais.
Afinal a abstenção não é o monstro que políticos e analistas pintam, quando falarem de abstenção podemos sempre tirar cerca de 9% aos números apresentados, e então estaremos mais próximos da realidade.
E no caso do referendo do aborto, os 54% de abstenção, afinal na realidade correspondem a menos de 50%, o que tornaria a lei vinculativa e teria ficado aprovada directamente nas urnas, se o recenseamento estivesse corrigido.
11 março, 2007
Face Negra
Conheci o Peter no cyber café do Huambo. Para terem uma pequena ideia, estive das 9h00 até às 16h00 no cyber para conseguir enviar 4 emails. Depois mais uma queda da ligação e um fuck off desesperante do Peter, decidi meter conversa com ele. Começamos precisamente por falar sobre a ligação da Internet. O desespero era o mesmo, tal como eu, o Peter queria enviar os emails com os relatórios mensais para o chefe.
O Peter é rapaz para os seus 50 anos, com aspecto um pouco british, e trabalha numa ONG aqui no Huambo, e estava a queixar-se que os chefes dele não entendem que os atrasos de envio de alguns documentos por net. Conversa puxa conversa, fomos parar ao passado do Peter. Ele já conhece Angola desde há 20 anos.
Com um olhar distante e de testa franzida, contou-me que fora mercenário sul africano que combateu ao lado da UNITA, contra as forças do MPLA. Embora ele me tenha contado algumas aventuras durante a sua estada de várias semanas nas matas do norte, que demonstram os limites do ser humano, reparei que começara a desviar o olhar e a ficar um pouco perturbado, e então decidi que devia parar com as perguntas sobre esse passado. E que a certa altura, desertou porque estava farto dos crimes, (tal como lhes chamou) refugiando-se no Zimbabué durante uns anos, voltando depois ao seu país, Africa do Sul. Mas ficou desiludido com as politicas racistas do seu país, diz que não se sente um sul africano, não se revê no seu país, e voltou agora a Angola, talvez com algum sentimento de divida, digo eu.
Fiquei encantado com a mudança... de mercenário a técnico de uma ONG estando a colaborar na produção de próteses que tem como destino muita gente que perderam membros por minas provavelmente fornecidas por ele, ou por seus colegas. Foi por esse encantamento que decidi partilhar convosco esta curta história, e lembrar que... toda a alma tem uma face negra.
O Peter é rapaz para os seus 50 anos, com aspecto um pouco british, e trabalha numa ONG aqui no Huambo, e estava a queixar-se que os chefes dele não entendem que os atrasos de envio de alguns documentos por net. Conversa puxa conversa, fomos parar ao passado do Peter. Ele já conhece Angola desde há 20 anos.
Com um olhar distante e de testa franzida, contou-me que fora mercenário sul africano que combateu ao lado da UNITA, contra as forças do MPLA. Embora ele me tenha contado algumas aventuras durante a sua estada de várias semanas nas matas do norte, que demonstram os limites do ser humano, reparei que começara a desviar o olhar e a ficar um pouco perturbado, e então decidi que devia parar com as perguntas sobre esse passado. E que a certa altura, desertou porque estava farto dos crimes, (tal como lhes chamou) refugiando-se no Zimbabué durante uns anos, voltando depois ao seu país, Africa do Sul. Mas ficou desiludido com as politicas racistas do seu país, diz que não se sente um sul africano, não se revê no seu país, e voltou agora a Angola, talvez com algum sentimento de divida, digo eu.
Fiquei encantado com a mudança... de mercenário a técnico de uma ONG estando a colaborar na produção de próteses que tem como destino muita gente que perderam membros por minas provavelmente fornecidas por ele, ou por seus colegas. Foi por esse encantamento que decidi partilhar convosco esta curta história, e lembrar que... toda a alma tem uma face negra.
04 março, 2007
03 março, 2007
Prima Mena - as palavras que estavam em falta
Quero falar-vos da minha prima Filomena.
Sempre fui o caçula, o mais novo da familía. O meu Pai diz que eu vim por engando, já não estavam a contar com o terceiro. Eu digo que não deve ter havido melhor engano na vida dele do que eu. Por isso, com uma boa diferença de idades, eu, o mais novo de todos os primos, era aquele que ficava com os "velhos" quando todos saiam juntos.
Das minhas primas, nas 3 filhas da irmã de meu Pai, houve sempre uma que tratava-me de forma diferente, a mais nova, chamamos-lhe: Mena. Cada vez que a via à minha frente, já sabia... lá vinha um insulto, beliscão, uns cascudos, ou puxão de orelhas, enfim os castigos eram variados.
Ainda que eu não gostasse desses castigos, não deixava de gostar dela, não por ser masoquista, mas sim por entender que era a sua forma tão própria de mostrar afecto.
Com o amor que tenho por TODOS os meus primos, mesmo aqueles com quem tenho tido pouco contacto, sempre senti a diferença da Mena, sem dúvida ela é especial.
Apesar do teu frágil coração ter-te traído, e mesmo depois do transplante, continuas a ser aquela presença indispensável em qualquer família.
Agora mais do que nunca, Admiro-te, não só pela força, carácter, coragem e vontade de viver, mas também por essa tua condição de estar para os outros de forma diferente. Teimosamente diferente.
Tomo a ousadia de falar pelo resto da família, mas é justo que fique aqui registado dizer-te que és um exemplo para todos nós, e isto é tudo menos uma palmadinha nas costas, porque embora com menos qualidade de vida, continuas a ser o poço de energia e vitalidade invejável, caso contrário não estarias entre nós. É nesses momentos mais complicados da vida, que nos revelamos, que somos postos à prova, e tu sem dúvida que no meio desse sofrimento, revelaste-te um ser humano maravilhoso.
Parabéns pelo teu percurso, resistência e firmeza, e obrigado por ficares connosco. Nunca te disse, mas por muitos momentos tive medo que fosses embora.
Perdoa a minha ausência nos momentos difíceis, mas embora esteja longe conta sempre com o meu afecto, porque tal como tu, vai sendo desta forma diferente que eu manifesto esse meu sentimento.
Beijos deste teu primo africano, Caramela. ;)
01 março, 2007
Domingo Diferente
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