Quero falar-vos da minha prima Filomena.
Sempre fui o caçula, o mais novo da familía. O meu Pai diz que eu vim por engando, já não estavam a contar com o terceiro. Eu digo que não deve ter havido melhor engano na vida dele do que eu. Por isso, com uma boa diferença de idades, eu, o mais novo de todos os primos, era aquele que ficava com os "velhos" quando todos saiam juntos.
Das minhas primas, nas 3 filhas da irmã de meu Pai, houve sempre uma que tratava-me de forma diferente, a mais nova, chamamos-lhe: Mena. Cada vez que a via à minha frente, já sabia... lá vinha um insulto, beliscão, uns cascudos, ou puxão de orelhas, enfim os castigos eram variados.
Ainda que eu não gostasse desses castigos, não deixava de gostar dela, não por ser masoquista, mas sim por entender que era a sua forma tão própria de mostrar afecto.
Com o amor que tenho por TODOS os meus primos, mesmo aqueles com quem tenho tido pouco contacto, sempre senti a diferença da Mena, sem dúvida ela é especial.
Apesar do teu frágil coração ter-te traído, e mesmo depois do transplante, continuas a ser aquela presença indispensável em qualquer família.
Agora mais do que nunca, Admiro-te, não só pela força, carácter, coragem e vontade de viver, mas também por essa tua condição de estar para os outros de forma diferente. Teimosamente diferente.
Tomo a ousadia de falar pelo resto da família, mas é justo que fique aqui registado dizer-te que és um exemplo para todos nós, e isto é tudo menos uma palmadinha nas costas, porque embora com menos qualidade de vida, continuas a ser o poço de energia e vitalidade invejável, caso contrário não estarias entre nós. É nesses momentos mais complicados da vida, que nos revelamos, que somos postos à prova, e tu sem dúvida que no meio desse sofrimento, revelaste-te um ser humano maravilhoso.
Parabéns pelo teu percurso, resistência e firmeza, e obrigado por ficares connosco. Nunca te disse, mas por muitos momentos tive medo que fosses embora.
Perdoa a minha ausência nos momentos difíceis, mas embora esteja longe conta sempre com o meu afecto, porque tal como tu, vai sendo desta forma diferente que eu manifesto esse meu sentimento.
Beijos deste teu primo africano, Caramela. ;)
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